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Quatro Mulheres Curtas

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  Composição de imagem com recortes de Internet configurando elementos dos textos (os cabelos amarelo e o fundo azul são fotografias de pinceladas de Van Gogh) - Bira, 2011. Quatro Mulheres Curtas I - Ana Sentiu Saudade Naquela manhã, Ana acordou, mas permaneceu uma hora deitada sob impacto do sonho confuso que tivera... No sonho, duas espirradeiras carregadas de flores rosadas emolduravam a varanda da casa onde nasceu e viveu durante a infância. Parecia um cenário de filme romântico. Seus pais formavam um jovem casal que, na namoradeira, trocavam carícias e planejavam o futuro. Ela, uma criança que no jardim preparava comidinha para suas bonecas. Pedaços do sol vazavam entre as folhas de um cajueiro e dançavam pelo chão. O chão da terra batida, da folha seca, da dormideira e do gongolô. O chão desprovido asfalto ou cimento, onde zunia o peão e as gudes se chocavam. Onde flores suicidas se atiravam, só porque não foram presas entre os cabelos negros de sua mãe. Eis que também despencou

Um Corpo Errante

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  Fotomontagem com recortes de imagens da internet - Bira 23.05.12 Um Corpo Errante (escrito em 23 de maio de 2012) Quando chegou na festa, Solano recebeu as boas-vindas da bandeja do garçom que logo passou servindo um chopp geladíssimo. O apreciador da bebida, não se fez de rogado e pegou um copo. "É um chopp bem tirado" - comentou para si mesmo. Se o líquido gelado deslizava sobre a língua e escorria na a garganta, minúsculas bolhas de espuma explodiam liberando prazer. Mas o prazer não lhe sequestrou por mais que de cinco minutos. Logo percebeu que estava em pé num vasto salão onde não conhecia ninguém - que furada! Havia mesas disponíveis, todas com quatro cadeiras. Para não evidenciar seu deslocamento, preferiu não sentar e aproximou-se do bar. Para ganhar tempo, entrou na fila dos coquetéis e, outra vez, falou consigo mesmo: "O que eu estou fazendo aqui?!" Era culpa do Facebook, por onde a aniversariante Fernanda lhe enviou um convite para a festa. Foi lá no F

Nunca Mais Fiz Uma Crônica

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Nunca Mais Fiz Uma Crônica "Nunca Mais Fiz Uma Crônica" seria o título do meu próximo e-book de ficção. Cheguei até mesmo fazer sua capa (imagem acima) só que tinha um problema: De fato, eu NUNCA MAIS FIZ UMA CRÔNICA a não ser sobre Corrida. O fato é que 90% dos meus amigos de rede social eram corredores e não se interessavam por assuntos fora do seu nicho. Aos poucos, desisti de escrever histórias que ninguém leria, perdi o foco e esvaziei. Adaptei-me à demanda, escrevendo apenas para meu blog de corrida, mas no fundo fiquei frustrado. Ano retrasado, descobri que seria  fácil publicar um e-book. Remechi meus contos e crônicas, mas não tinha material suficiente... A não ser que eu volte a escrever. Como Voltar a Escrever? Meus planos são divulgar o que tenho para ver se a chama acende. Não é igual ao Diário de Treinos no Whatsapp que se baseia em textos curtos e apropriados para este aplicativo. Sendo assim, divulgarei aqui apenas uma sinopse, pelo whatsapp, contendo um link

O Mundo Não Precisa de Você!

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  Foto montagem com imagens de frascos da colônia vintage Pinho Campos do Jordão. (Bira). O Mundo Não Precisa de Você! (Escrito em dezembro de 2011) O olhar de Marcello se arrastava pelo chão. Entre guimbas de cigarros e chicletes derretidos; entre panfletos de agiotagem, de compra de ouro ou das casas de massagem. Se lhe fosse possível erguer a cabeça, veria no céu uma massa de nuvens cinzentas semi-oculta pelos prédios da cidade. Se chovesse naquele momento, ele não sentiria. Mesmo que a água da chuva se misturasse aos papéis e guimbas do chão. Mesmo que a massa de nuvens se transformasse em massa de lama e lixo, entupindo ralos e rios, poluindo a baía. Naquele momento, Marcello era um homem sem alma, conduzido por Marly, sua esposa, pelas ruas do Centro da Cidade. Enquanto os dois passavam por uma área menos nobre do Centro não percebiam as lojas decadentes que vendiam quinquilharias e CDs antigos, nem ouviram a voz de Taiguara que ressurgiu de uma das lojas cantando “Universo no Te